Regras definem comportamento
Normas de conduta escolar devem ser conhecidas e respeitadas por pais e alunos
Dos
primeiros anos escolares – quando a criança vive experiências sem se
preocupar com a socialização – até as séries que convivem com a
turbulenta adolescência, é tarefa obrigatória da escola definir regras
sociais claras e que favorecem a convivência e o aprendizado de todos os
alunos. Normas são necessárias para definir o que é esperado, exigido
ou proibido em relação aos estudantes.
Usualmente
descritas no regimento interno do colégio, as regras de conduta vão
além da simples definição de direitos e deveres dos jovens. Elas devem
abordar também o respeito às diferenças, a tolerância e o equilíbrio
entre desejos e responsabilidades. “É importante ter condutas que
facilitam o aprendizado e possibilitam que os alunos aproveitem melhor
as aulas e as atividades na escola”, afirma Vera Izabel Pugsley Julião,
diretora do Colégio Novo Ateneu, que tem em seu site um manual de
conduta.
Regimento Escolar
É
o documento que estrutura, define, regula e normatiza as ações em cada
escola e costuma ser disponibilizado na biblioteca, coordenação
pedagógica ou site da instituição. Todos os alunos devem ter acesso a
ele e, em algumas escolas, podem inclusive participar da sua elaboração.
Família
Para
que crianças e adolescentes entendam e respeitem as regras, é
fundamental que a família apoie o que é definido pela escola. É comum
pais tentarem driblar determinadas normas, o que confunde os filhos,
segundo a psicóloga Fernanda Roche, mestre em Saúde Mental Infantil e
coordenadora do espaço Criança em Foco. “Se não há unidade de linguagem
entre pais e escola, os estudantes não têm um contorno delineado sobre o
que é ou não é aceito pelo código de valores escolar”, diz.
As
regras dentro das escolas devem ser justas e equiparadas a todos, mas,
além das normas documentadas, é comum que ocorram acordos informais
entre professores e estudantes. Os pactos podem ser informados aos pais
na reunião de início das aulas ou durante o ano letivo, conforme o
desenrolar das situações. Esse é mais um motivo para que a vida escolar
do filho seja acompanhada de perto.
“Os
pais com filhos na educação infantil de hoje vêm de uma geração
pós-ditadura que diz que quer, pode e paga, mas essa postura
questionadora em relação à escola não ajuda. Quanto mais esses pais
aceitarem o modelo de firmeza e carinho vindo da escola, melhor
conseguirão lidar com os filhos em casa”, diz Fernanda.
Assim
como há regras comuns a todas as escolas, alguns acordos variam
conforme a linha pedagógica do colégio. Ao matricular a criança em
determinada escola, automaticamente, os pais estão aceitando as normas
propostas.
Para ajudar o convívio e ser respeitado
• Dia do brinquedo
A
relação de segurança que as crianças têm com seus brinquedos faz com
que algumas escolas permitam que os alunos levem carrinhos e bonecas à
sala de aula em um dia da semana, especialmente nos primeiros anos da
educação infantil. Nesse momento, é preciso que os pais ajudem na
escolha do que será levado, que não deve ser de muito valor ou difícil
de ser substituído, evitando transtornos maiores caso haja estrago ou
extravio do objeto. Alguns itens costumam ser vetados, como armas de
brinquedo ou eletrônicos.
• Festa na escola
Na
educação infantil, dia de aniversário é dia de festa em muitas escolas,
embora algumas permitam apenas uma comemoração por mês para todos os
aniversariantes do período. O mais comum é permitir a entrada dos pais
do aniversariante na escola para uma celebração simples, com bolo,
salgadinhos e docinhos durante o recreio. Sobre os presentes, há desde a
sugestão de não haver troca até a entrega sem restrições. O ideal é que
eles não sejam desembrulhados na frente dos colegas e que não haja
distinção entre quem será presenteado.
• Com que roupa
Enquanto
o uso do uniforme é obrigatório na maioria das escolas particulares,
nas públicas, a norma passa pelo crivo do Conselho Escolar e da
Associação de Pais, Mestres e Funcionários. Há instituições que sugerem o
uso de uniforme apenas em algumas ocasiões. No Anjo da Guarda, por
exemplo, alunos só precisam estar uniformizados quando há passeios fora
da escola, por questão de segurança, segundo Vera Miraglia, diretora do
colégio. Outra regra comum é o impedimento do uso de roupas e artigos de
times de futebol.
• Apaixonados no pátio
O
namoro entre colegas não é proibido, mas as manifestações amorosas
precisam ser dosadas. Problema de conduta mais comum a ser enfrentado em
colégios de ensino médio, os namoricos em público podem render recados
aos pais e até advertência. “Os casais podem andar de mãos dadas, mas se
despedem com beijo no rosto, como acontece entre amigos. Os pais sempre
são avisados, então, se os adolescentes não querem que eles fiquem
sabendo, nem fazem nada na escola”, conta Vera Izabel Pugsley Julião,
diretora do Novo Ateneu.
• Atividades paralelas
Ações
planejadas pelos alunos, como venda de rifas, abaixo-assinado ou amigo
secreto, geralmente exigem autorização da escola. Essa medida é tomada
como forma de evitar constrangimento com famílias que não querem que os
filhos se comprometam sem a autorização deles. Em relação a festas e
atividades externas, mesmo que a escola permita a distribuição de
convites a poucos alunos, é bom ter bom senso. Se a intenção é convidar
apenas os colegas mais próximos, não é preciso combinar em sala de aula,
na frente de toda a turma.
• De olho na saúde
Estudante
doente não pode ser impedido de ir à escola, mas a família precisa ser
orientada a evitar mandá-lo ao convívio de colegas. Além de preservar
quem está mal, é evitada a contaminação. “Tem pai que gosta quando a
escola diz que não tem problema mandar a criança, doente. Mas eles têm
de pensar que, assim como a escola fala isso para eles, diz o mesmo para
outros pais. Ninguém quer deixar um filho bem na escola e buscá-lo
doente depois”, lembra a psicóloga Fernanda Roche. A administração de
remédios deve ser feita por uma pessoa responsável na escola.
• Conectados, na aula
Na
escola é assim: regra para professores e funcionários, regra para
alunos. Celulares e afins precisam ficar desligados durante o horário de
aula. Telefonemas, mensagens, jogos ou músicas, são permitidos apenas
nos intervalos ou no recreio. Na maioria das vezes em que o telefone
toca em aula, é a própria família que está ligando, conta Vera Julião.
“Um dia, um professor de Matemática atendeu o celular de um aluno no
meio da aula. Era a mãe do garoto dizendo que só precisava passar um
recadinho rápido”, conta a diretora.